Na quinta-feira, 17 de maio de 2023, tivemos o segundo encontro do Café com Direitos Humanos promovido pelo IBRACE – Instituto Brasil Central – e o Centro de Juventude – CAJUEIRO. Como estava próximo do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, 18 de maio, era essencial voltar os debates para os jovens. “Eu posso falar? ”, a pergunta principal de diversas crianças e adolescentes do Brasil quando se trata de falar sobre seus direitos.
No evento, contamos com adolescentes, jovens, adultos, estudantes universitários, militantes de diversas causas, como da luta antirracismo e antirracistas, do movimento LGBTQIAP+, do coletivo Mães pela Paz, mulheres que discursaram sobre suas lutas. Também participaram professores, psicólogos, umbandistas e jovens capoeiristas. Contamos, ainda, com a presença de professores e jovens do Centro de Atendimento Socioeducativo para Adolescentes em Conflito com a Lei (CASE), tornando a conversa ainda mais enriquecedora e importante.
Depois das apresentações, um adolescente do CASE fez uma forte performance musical sobre a vivência dele na sociedade, como as injustiças socioeconômicas e raciais levaram ele para uma situação que nenhuma criança deveria estar, além de pontuar como a vida dele é igual a de muitos jovens brasileiros que têm seus direitos negados dia após dia. Ele faz parte da Oficina de Produção e Expressão Musical do CASE, o educador Erick Christhian Barroso Braga apresentou também uma música, que está disponível no YouTube de outra jovem da oficina, “DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS”. Trata-se de um rap sobre os direitos humanos, a história do brasil, destacando a desigualdade social, econômica e racial, e como os jovens merecem ter seus direitos respeitados. (Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=lYL_ipRqzwo)
Foi de extrema necessidade destacar quem eram os jovens que mais sofriam com as injustiças, como dito pelo Prof. Flávio Sofiati, as juventudes pretas, periféricas e de baixa renda, esses não costumam chegar aos 30 anos. O recorte foi reforçado durante dois vídeos apresentados por Eduardo Mota. Um deles foi o pedaço do documentário etnográfico “Debaixo Da Lona” do Clube dos Cinco, sobre 3 jovens da periferia que foram acolhidos na vida circense no Laheto, no Jardim Goiás. O outro vídeo foi de 30 anos atrás, na manifestação pelos direitos da infância e da juventude, em que muitas crianças e adolescentes estavam em Brasília, lutando, manifestando e exigindo seus direitos; foi nesse momento que um jovem disse a frase destaque do Café: “Eu posso falar?”.
Com isso, após assistir aos vídeos e debatermos um pouco, os participantes se dividiram em grupos de quatro pessoas para conversar sobre que questões e desafios garantem a participação de crianças e adolescentes. Após os pequenos debates, os jovens de cada grupo foram representar e compartilhar as discussões para todos. Nesse momento, o debate foi mais específico, houve um destaque em como os avanços da tecnologia, principalmente, a internet, afetam as relações das crianças e adolescentes com os adultos, além da fala do Frei Marcos Sassateli, que reforçou o recorte racial e econômico dos jovens. De modo geral, a principal exigência dos jovens foi a mesma: “queremos ser ouvidos/as”.
Felipe Carvalho, Jornalista
Revisão linguística – Patrícia Santos