O quinto Café com Direitos Humanos ocorreu na quarta-feira, 20 de setembro de 2023. O tema era “Mulheres e as violências – Existem vítimas de amor?”, em que o grupo se reuniu para discutir os direitos e as injustiças que cercam mulheres na nossa sociedade.
O encontro começou com uma releitura teatral de Aracne e a deusa Atena, um conto sobre as tecelãs da vida, sob a ótica dos tempos atuais, focando no feminicídio e nos direitos das mulheres. Na plateia, havia professores, estudantes, mães, pais e defensores dos direitos humanos, todos se emocionaram muito com a performance. Dentre esses, tivemos três convidadas para falar sobre o tema e suas vivências.
Shirley Oliveira, uma das convidadas palestrantes, apresentou-se: é advogada e representa a OAB na Comissão da Mulher Advogada. Ao discursar sobre o tema, Shirley aponta as injustiças diariamente perpetuadas contra as mulheres, com um foco na violência doméstica, especificando a perspectiva da lei nos casos, como identificar uma vítima e as políticas públicas que podem agir para amenizar mais uma injustiça e garantir a proteção dessas mulheres. O ciclo da violência foi um ponto focal da palestra, a maioria dos casos de violência doméstica é geracional, logo, ignorar a existência desse ciclo apenas o perpetua. Entretanto, com igualdade, cooperação, oportunidade, força e respeito é possível sair dele. Após isso, Shirley nos apresentou a música, “A Penha Vai Valer”, de Mara Cristina.
Então, Bianca Lopes e Lívia Araújo, as próximas palestrantes, também se apresentaram. Elas são mulheres trans e militantes da causa, participaram do evento para dialogar sobre a violência de gênero e como a violência com uma mulher afeta todas as mulheres. Bianca falou sobre a invisibilização de pessoas trans na história, elas sempre existiram, mas a história não registra. O Brasil ainda é o lugar que mais mata LGBTQIAP+ no mundo. E assim, as vidas trans só aparecem na história, principalmente, em casos de violência, de autoextermínio, de solidão e de abandono. Lívia a complementa, compartilhando que os maiores casos de prostituição são com mulheres trans, pois, em grande parte, elas que são expulsas de casa, ficam em situação de rua, são negadas de acolhimento, de outros empregos e, por isso, se voltam para esse meio, onde em muitos casos sofrem ainda mais violência.
Após as falas, todos se dividiram em grupos para discutir como essas injustiças repercutem em nossas vidas e histórias. Para encerrar o encontro, a crônica “A moça tecelã”, de Marina Colasanti, foi lida para todos, trazendo uma sensação de união entre todos para seguir a luta.
Felipe Carvalho, jornalista.