O Centro de Juventude – Cajueiro acolheu no sábado, dia 20/09, a defesa da dissertação de mestrado de Ronan Marcelino, conhecido como Marrom. Ele apresentou o trabalho com o tema CAPOEIRAS E JUVENTUDES: ANCESTRALIDADE ENTRE JOVENS CAPOEIRISTAS DO PROJETO “CAPOEIRA LEVA EU”, utilizando a metodologia das rodas de conversa para escutar os jovens da capoeira que participam do coletivo ao qual atua como professor, vinculado ao Grupo de Capoeira Candeias.
Estiveram presentes diversos capoeiristas de Goiânia, Senador Canedo e Aparecida de Goiânia: Contra-Mestra Dhayane (Rede do Mestre Cabeça), Professor Grilo (Rede do Mestre Gueroba), Professora Celiane (Rede do Mestre Sarará), Instrutora Chitara (Rede do Mestre Guerreiro) e Graduada Maré (Rede do Mestre Suíno), todos integrantes do Grupo de Capoeira Candeias; além do Instrutor Jindungo, aluno do Mestre Camisa (RJ), da Abadá Capoeira, acompanhado de seus alunos graduados; e Maionese, integrante do Grupo Capoeirart. Também participaram os alunos do Professor Marrom, do Grupo de Capoeira Candeias, integrantes do projeto “Capoeira Leva Eu” de Senador Canedo-GO.

A programação contou ainda com a presença de representantes da Cia Êxtase de Artes, Kachorreras Crew, Coletivo Cultural Arca Crew, Coletivo Cultural do Jardim das Oliveiras e da Associação de Culturas Afro-Indígenas Brasileiras.
O evento reuniu cerca de 170 pessoas, em sua maioria jovens negros e negras que ocupam os espaços da capoeira, do Cajueiro e, em um futuro próximo, também das universidades.
O professor Flávio Sofiati, da Faculdade de Ciências Sociais (FCS/UFG) e do Centro Cajueiro, orientador da pesquisa, fez a acolhida destacando a importância de realizar a defesa no Cajueiro, em um sábado, com a presença dos jovens participantes do TrilhaUni, do TrilhaTec e da capoeira, juntamente com familiares, amigos/as e associados/as.
Os professores da banca, Andréa Vettorassi, do Programa de Pós-graduação em Sociologia, e Rafael Guarato dos Santos, do Programa de Pós-graduação em Artes da Cena, ambos docentes da UFG – ressaltaram o esforço, a originalidade e a experiência do pesquisador na área, destacando a escuta das juventudes, as fontes utilizadas e o cuidado com o tema. Apontaram também a relevância de trazer a capoeira para a universidade, abrindo caminhos para que outras pessoas, tanto da capoeira quanto das periferias, ocupem espaços historicamente fechados à escuta dessas vozes periféricas. A pesquisa de Ronan se mostra potente porque ensina à UFG novas linguagens e possibilidades que alargam o próprio conceito de “universidade”. Para Ronan, a experiência representa aprendizagens que enriquecem seu olhar, inclusive para reconhecer na capoeira e na ancestralidade potencialidades ainda pouco percebidas.
Apresentar a defesa fora do espaço acadêmico trouxe desafios para o Cajueiro, que acolheu o evento, e para a própria universidade, que saiu de seu lugar habitual e descobriu a necessidade de ampliar sua linguagem. O que normalmente seria um ritual restrito, com poucas pessoas, transformou-se em um ato coletivo, pois a capoeira e a tradição africana nos colocam em relação uns com os outros.
Ao final da apresentação, no ritual acadêmico da defesa, os professores se reuniram e, em seguida, anunciaram o resultado: Ronan foi aprovado! Sua avó Divina, cheia de alegria, manifestou o orgulho pelo “seu menino”, que agora é mestre. Talvez ela não tenha a dimensão completa do que isso significa, mas pouco importa: ela compreendeu o essencial. E todos/as nós que acompanhamos o Ronan, ficamos felizes com este passo. Agora é o doutorado!
O evento foi encerrado com uma roda de capoeira seguida da festa em celebração ao aniversário de Ronan, organizada por sua família e pelos jovens do projeto “Capoeira Leva Eu”. Houve fartura de comida, partilha, agradecimentos e muita celebração pela vida e pelas conquistas.
Texto: Carmem Lúcia Teixeira | Fotos: Arquivo Cajueiro