Encerramos no início de novembro a 10 turma do Projeto Na Trilha da Universidade. Possivelmente mais de 5.000 pessoas foram envolvidas entre jovens e educadores/as nesta aventura quando consideramos todas as pessoas que se inscreveram. Participaram diretamente umas 600 pessoas. Tudo isso foi possível por causa de uma rede de pessoas e grupos que deram sustentação a esse caminhar.
Queremos celebrar fazendo memória do caminho feito. Havia muitas dúvida no início do projeto em 2013. Lourival Rodrigues, Carmem, Berg, Vanildes e Graça buscaram caminhos, Mercedes Budalles esteve todo o tempo incentivando e buscando recursos financeiros, seja na sua família e entre seus amigos. Janira Sodré coordenadora da época do proAfro acolheu o projeto dentro do programa de extensão da PUC/GO.
Como chegar aos jovens empobrecidos? Houve uma busca do caminho da comunicação e sempre contamos com o apoio de Luiz Geraldo, da CBN, que facilitou os caminhos para a divulgação no jornal Daqui. Logo na primeira turma tivemos cerca de 600 inscritos. A dificuldade foi a seleção. Tudo era muito novo para um grupo de pessoas voluntárias e desejosas de continuar o serviço à juventude empobrecida.
Primeiro fomos acolhidos nas salas de aula perto da sala do ProAfro e depois, com uma reflexão conjunta fomos para o Centro Cultural Cara Vídeo com o apoio de Sergio Bernardoni e Delma Costa. Tivemos várias pessoas que coordenaram e acompanharam o projeto: Graça, Fabiane, Edinaldo, Lucineth, Suely Martins Arilene, Clara, Carmem, Lourival, Ciron, Claudia, Berg, Célio, Romênia, Flávio Sofiati, Valterci… todo o Cajueiro citamos esses para dizer que são pessoas concretas que se envolvem neste projeto.
Quantos desafios e perguntas foram feitas ao longo destas 10 turmas?
Arilene Martins, atual coordenadora do projeto, comenta que cada turma que chega, percebe-se uma característica própria, cada uma com sua particularidade, pequenos detalhes, mas com grandes diferenças para lidar no dia a dia alguns e algumas das jovens se envolvem mais outros/as menos.
Quando pensamos em desafios dos jovens precisamos alargar os horizontes e olhar para o país e observar como os jovens são tratados por ele. Saber que os jovens empobrecidos/as estão condenados a exclusão, como parte do planejamento das ações do Estado de modo sistemático. Há um índice muito alto de jovens fora da escola, de criminalização da juventude, de mortalidade juvenil, de suicídios…
Valorizar cada sujeito que chega, buscando dar a atenção que merece todo ser humano, escutar suas dores e seus sonhos, oferecer o melhor, para que esse sujeito poderá enxergar o mundo em sua volta e poder intervir nele. Construir projetos de vida com autonomia.
Observamos que os jovens iniciam animados/as, desejosos/as de cumprir seus sonhos de entrar na universidade, porém o dia a dia, o trabalho, o transporte, o cansaço, o desânimos, as doenças, o novo trabalho o afasta desse objetivo. Também, avaliamos o nosso projeto precisa estar muito em sintonia com esses jovens que chegam. Alguns deles com o ensino em defasagem por causa da sua trajetória de empobrecido, do projeto da escola pública que pode ser menos porque a política para pobre pode ser menor e precisamos encontrar caminhos com didáticas que favoreçam a integração desse jovem e a quebra desse ciclo do qual está condenado.
Acreditar que essa juventude pode ser no mundo um sujeito autônomo, crítico tendo como princípio a relação coerente de valorização do outro e da outra , consciente de seu papel no mundo como sujeito de sua própria história porém , com uma consciência de classe e com a classe da qual tem um pertencimento.
O Projeto ao longo destas 10 edições contou com a parceria da ProMenor e La Abuela (grupos da Espanha), ProAfro/PUC-GO, Centro Cultural Cara Vídeo, Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, Observatório Juventudes na Contemporaneidade, Universidade Estadual de Goiás, Grupo Flores e Frutos, pessoas que doaram na Campanha “Sou Cajueiro” a quem expressamos nossa gratidão!