Em uma sociedade centrada na pessoa adulta, somos muitas vezes influenciados/as por uma postura adultocêntrica, na qual o ponto de referência são as características atribuídas às pessoas adultos/as. Com isso, as vozes de crianças, adolescentes, jovens e idosos são frequentemente marginalizadas — não se escuta esta parcela fundamental da humanidade.
Transformar essa cultura é essencial para quem deseja realizar um trabalho respeitoso com adolescentes e jovens, especialmente em espaços institucionais e religiosos. A Pastoral da Juventude, ação da Igreja Católica, sempre se preocupou em preparar pessoas adultas para o acompanhamento e formação integral de adolescentes e jovens. Trata-se de formar pessoas adultas dispostas a escutar, caminhar junto e construir, com os próprios jovens, trajetórias como sujeitos/as de transformação nos diversos ambientes sociais e eclesiais.
Nesse contexto, a Diocese de Toledo (PR) promoveu uma Escola Diocesana de Formação de Assessores e Educadores, com sete encontros ao longo de um ano e meio, encerrando com uma formatura que contou com a presença das famílias e dos grupos de jovens. A metodologia adotada incluiu a elaboração de um projeto concreto de intervenção, o que exigiu das/os participantes um olhar atento à realidade e aos desafios vividos por adolescentes e jovens em suas organizações e coordenações de grupo.
O Centro de Formação e Assessoria Cajueiro foi convidado a colaborar em três desses encontros formativos. Contribuíram com a formação:
- Rezende Bruno de Avelar, abordando a temática do autoconhecimento e afetividade;
- Luis Duarte Vieira, que trabalhou a espiritualidade como fonte de motivação para o trabalho educativo com a juventude;
- Carmem Lucia Teixeira, que conduziu a última etapa da formação, centrada no processo e no planejamento participativo.
A programação foi cuidadosamente organizada pela coordenação da escola, composta por Giovani Bessegato, Marines Bettega e Cleyton Silva. O encerramento refletiu sobre os projetos desenvolvidos pelas/os participantes e utilizou como base a proposta teórica do planejamento participativo — entendendo o planejar como processo, exercício de construção coletiva, com erros, acertos e revisões contínuas, sempre voltado para o médio prazo.
Vivemos em uma cultura de planejamento muitas vezes limitada a calendários e atividades desconectadas da realidade e de um propósito transformador. A proposta desta formação, contudo, foi diferente: construir planos que partem da realidade concreta e que apontam para a promoção da vida, especialmente para as juventudes. Inspirados pelo Evangelho — que nos chama à vida plena e abundante —, e também por orientações do Papa Francisco, da Igreja do Brasil e da Pastoral da Juventude, as/os participantes foram convidadas/os a planejar ações com sentido e propostas que provoquem a transformação.
A formação contou com cerca de 20 participantes, acolhidos/as por uma comunidade das Irmãs Franciscanas da Beata Angelina. As famílias dos jovens também participaram ativamente, colaborando com a preparação das refeições — um verdadeiro esforço coletivo para tornar possível esse importante processo de formação.
Texto: Carmem Lucia Teixeira