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À sombra do Cajueiro: 10 anos – tempo de memória!

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Berg Matutino

 

Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade.

A gente só descobre isso depois de grande.

A gente descobre que o tamanho das coisas

há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas.

 Há de ser como acontece com o amor.

Manoel de Barros.

 

Fazer memória dos 10 anos do Cajueiro é um ato de resistência. Inicio este ato sobre o meu lugar à “sobra do Cajueiro” com o texto de Manoel de Barros por me fazer voltar aos meus quintais, locais de com/vivência, por onde passei, onde estou e que me provocam a memorAção, a ver, a ouvir, a falar junto ao grupo que me encontro agora. Não estou só. Sou Cajueiro! Esta afirmação é um posicionamento, uma escolha para reafirmar meu compromisso com a juventude, principalmente àquelas que precisam de um espaço que acolhe, que acompanha, que forma para autonomia. O Cajueiro existe e resiste por causa da juventude, na construção da sociedade do Bem-Viver e na defesa de suas vidas. Causas em que eu acredito e me faz reafirmar o meu compromisso a partir deste lugar.

O Cajueiro é resistência. Nasceu pelo desejo por acolher e estar junto com a juventude empobrecida, ser seu abrigo, com direitos garantidos, com arte, beleza, segurança, com toda sua diversidade. O Cajueiro é esta sombra agradável que me acolhe em seus braços, cuida, me faz a redirecionar e ampliar meu olhar para as Juventudes que foram menorizadas por um sistema excludente.

O Cajueiro e todo caminho trilhado junto com outros grupos e pessoas, me fizeram assumir a vida da juventude como causa. Esta árvore frondosa me ajuda a falar a partir de um lugar, o lugar que acolhe, que protege, que está a serviço dos/as jovens, com eles e por eles.

Os versos de Manoel de Barros me ajudam a olhar para o Cajueiro e vê-lo como uma grande árvore, como lugar de intimidade, que me abraça firme com seu caule contorcido. É forte – com flores delicadas. Tem um fruto robusto – com pêndulo macio. Tem raízes brutas – com folhas leves. Tem copa tortuosa – com sombra fresca.

A resistência à seca e a espera pela chuva fazem do Cajueiro abrigo para aqueles que não tem lugar, é uma fonte que tem sede e se alimenta do acolhimento daqueles que estão às margens.

E se “o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos por ela”, posso dizer que o Cajueiro é uma grande árvore. Preciso escalar, alcançar os seus ombros pra ver o horizonte e ampliar meu olhar sobre as juventudes. A sombra desta árvore é o lugar de onde falo, junto a tantas outras pessoas que acreditam e defendem a vida da juventude empobrecida. Das juventudes que precisam de um quintal pra brincar, pra com/viver.

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